exibição presente | 22 de Junho | 30 de Julho
"38.711901 -9.150882 atlas da terra depois do fim mapa #2B" e "E trazia da floresta o silêncio que antecede a tormenta"
de Ana Leonor Madeira Rodrigues | Sebastião Castelo Lopes
impressões
"As impressões criam os mapas finais que desencadeiam uma possibilidade de perceção ou uma comoção.
Estes mapas são uma premonição paleontológica.
Ao aceitar o conceito de atlas e o de mapa como um comutador entre o observador e o observado, eles tornam-se numa aproximação ao verbal soltando-se do substantivo.
Assim, não são a cristalização de uma existência, não são sequer uma memória, vão sendo a representação de nada, onde fica sinalizada a aflição desse nada.
Os mapas da terra depois dela ter acabado constroem uma entidade substituta, uma premonição que é, o seu atlas.
O projeto que teve início em 2018, e em grande parte desenvolvido numa residência artística entre 2020/2022 em Makeeindoven (Eindhoven, Holanda), tem tido apresentações faseadas:
Em Fevereiro de 2020, o Atlas da Terra depois do fim do mundo, placa1, mapa #1 no Edifício Arte Contínua, em Oeiras, foram mostradas a prancha matriz e a impressão do mapa #1.
Em Setembro de 2020, Placas, lâminas e impressões, na Galeria Passevite, em Lisboa, foram mostrados, dobrados, os mapas #1, #1A, #1B, #1C, #1D, #2, #3, #4 e #5, e as placas de silicone #2, #3, #4, #5, #6 e #7.
Em Março de 2021, Mapa #2, na Galeria na Montra, em Oeiras, foram mostradas a matriz em silicone e as variantes impressas #2A, #2B, #2C, #2D, #2E e #2F.
Da presente exposição fazem parte as grandes ampliações do mapa #2B, bem como a sua prancha matriz e respectiva impressão e, ainda, 32 pranchas do atlas.
Em Setembro de 2022 todo o projecto será exposto em Eindhoven, na Albert van Abbehuis, na Holanda." Ana Leonor Madeira Rodrigues
desenho | instalação
"Um conjunto de trabalhos sobre papel e sobre madeira povoam o espaço da galeria Monumental. Papel, carvão, tinta acrílica e madeira são os materiais em bruto sobre os quais se adivinha o tempo da construção deste conjunto de trabalhos. Disfarçadamente, armadilhas, jaulas, parecem habitar esta “floresta” da sala.
Uma armadilha armada é uma dor em potência, é um objecto de tal forma agressivo e violento, que nos sentimos feridos por ele só de o olhar. Antes de fazer deitar sangue, a armadilha já aleija a ver.
E a armadilha captura, força uma paragem, retira a liberdade. A armadilha está camuflada, aparenta ser inofensiva, atraiçoa. A armadilha pode não se ver, pode estar disfarçada. Se assim for, tudo tem a potencialidade de ser uma armadilha porque tudo pode ser uma armadilha disfarçada. Uma armadilha disfarçada de floresta, uma armadilha disfarçada de silêncio, e por aí em diante. Tudo tem a potencialidade de capturar, de retirar liberdade, de abrir ferida de sangue, de aleijar à vista." Sebastião Castelo Lopes